Vamos celebrar… Os Afetos!

“Desde pequenino se torce o pepino!”

Provérbio conhecido que, neste dia “comercial” dos namorados, nos conduz a uma questão: “quem nunca, em tom de brincadeira e perante uma criança, a questionou sobre o seu namorado(a)?”… Com o intuito de iniciar uma conversa, estabelecer empatia, conversar sobre sentimentos, vivências ou traquinices… com a melhor das intenções! E até sorrimos com as suas histórias acerca dos(as) namorados(as), especialmente aqueles(as) que nem sabem que o são! Fazemos o mesmo com os jovens, por vezes, até os deixando constrangidos!

Mas vamos pensar um pouco mais além: nós adultos, somos modelos para as crianças e jovens que nos têm como referência. E eles tentam, de alguma forma, corresponder às nossas expectativas. Que imagem podemos passar com este tipo de questão, aparentemente tão inocente? Que esperamos que tenham um/uma namorado(a)? Que é mesmo importante que o façam, desde cedo? Que é um dos objetivos de vida a perseguir? Que é disso que depende a sua felicidade… e a nossa?

Sem fundamentalismos! Acredito que todos nós já o fizemos em algum momento. Mas podemos e devemos capacitar-nos, atendendo à realidade: em 2019, um estudo revelou que 58% dos jovens sofreram violência no namoro. 67% consideram normais as práticas violentas, como se o facto de terem uma relação de afeto com alguém lhes conferisse essa “normalidade”.

Um namoro saudável implica, em primeiro lugar, o respeito por si mesmo. Implica maturidade e tempo. Implica saber dizer “não” quendo é “não” que se deseja.

Um namoro saudável implica duas vidas para além dele. Que se unem pelo afeto, mas que não deixam de ser duas; com direitos e deveres, com gostos e vontades.

Por isso criança não namora, tem amigos de quem gosta e que gostam de si! Por isso os jovens namoram se e quando quiserem… mas não aceitam tudo em troca de uma imagem de afeto!

Cabe-nos a nós, adultos, demonstrar pela vivência conjunta, que Afeto é algo que terão sempre por parte de pessoas que estão presentes na sua vida. Afeto por si mesmos, pelo que são, com respeito, apoio, responsabilidade e privacidade. Que a vida não se resume a uma relação amorosa. Que uma relação de Afeto não pode ser doentia, seja com quem for.

Por isso, vamos celebrar os Afetos, não hoje, todos os dias… e que o primeiro de todos seja por nós mesmos!

❤️❤️❤️

 

Susana Alves Alberto, Educadora de Infância, Coordenadora Pedagógica Projeto Grupos Aprender, Brincar, Crescer – Génios & Traquinas