Ao contrário dos meses anteriores, agosto parece que passou a voar. Setembro já está à porta e, à habitual preparação do ano letivo por parte das famílias, dos docentes e não docentes, junta-se, este ano, a incerteza da “nova normalidade” Covid-19.

Depois do fecho das escolas e outras instituições similares, tornaram-se habituais as paredes de casa e o recurso à tecnologia para manter as aprendizagens e a socialização. Ainda assim, apesar de necessário, e valorizando todo o esforço, não é o cenário ideal para que tal aconteça.

Segundo referia há dias um reconhecido pedopsiquiatra, esta realidade, face às rotinas das crianças e jovens de hoje, não prejudicou sobremaneira a sua saúde mental. Como todos sabemos, estes são cada vez mais “caseiros” e a tecnologia que sempre fez parte das suas vidas adquiriu assim o tão desejado estatuto de necessidade básica.

No entanto, existem coisas insubstituíveis que temos de retomar com as devidas medidas de segurança: os contactos sociais presenciais, a troca de afetos e o contacto efetivo com o mundo exterior. E, nesta retoma, incluem-se as aprendizagens escolares nas escolas.

É tempo de preparar espaços de estudo e materiais escolares. É tempo de conhecer os planos definidos pelas instituições educativas formais. É tempo de assegurar a rotina das crianças e jovens, com transições suaves e apoiadas, para que possam sentir-se capazes de recuperar de um ano letivo com muitas assimetrias. E todo este processo implicará, este ano, um (ainda) maior envolvimento das famílias para que estas, seguras, possam transmitir confiança às suas crianças e jovens.

É necessário COMUNICAR. Sempre. Conversar com as crianças e jovens, com base em informações credíveis e com muita empatia, para que estes entendam o seu papel face à sua segurança, à dos seus familiares e da comunidade em geral. É necessário, sem alarmismos, transmitir-lhes a ideia de que a Covid-19 é real, que possivelmente irão assistir a um aumento generalizado de casos provocado pelo gradual desconfinamento e a chegada do tempo frio, e que, provavelmente, poderão ter um caso próximo, em casa ou na escola. Perante estes factos, há que manter a capacidade de falar, partilhar ansiedades e medos, continuar a seguir os procedimentos e atuar, sempre, com a responsabilidade que a todos é exigida em tempos de pandemia.

Às famílias, aos docentes e não docentes, saibamos que é missão comum o melhor cuidado e formação das nossas crianças e jovens, e que por isso deve e tem de ser um processo partilhado, empático e respeitador. Vamos ser desafiados. Seguramente.

Avizinham-se tempos complexos até que possamos dizer “ficou tudo bem” e não sabemos muito bem o que ainda estará por vir; apenas sabemos que a compreensão e o diálogo vão ser essenciais. Juntos – ainda que com o devido distanciamento social – seremos mais capazes de enfrentar os nossos medos. Nós, Academia Génios & Traquinas, estamos disponíveis para fazer a nossa parte. Em rede. Em parceria. Pelos nossos Génios. Pelos nossos grandes Traquinas! Contamos convosco?

Susana Alberto - Consultora pedagógica